terça-feira, 16 de janeiro de 2018

OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS E A ARCA DA ALIANÇA, PARTE 11


Posted by Thoth3126 on 12/01/2018
Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, parte 11

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras. Capítulo XI – O Fogo Divino

Nos tempos medievais, certas fontes naturais eram consideradas sagradas, visto que acreditava-se que suas águas continham propriedades de cura. Geralmente, a Igreja consagrava uma fonte em homenagem a um santo em particular e construía um pequeno santuário sobre ela, transformando-a em um poço sagrado.
“E a arca da sua aliança foi vista no seu templo; e houve relâmpagos, e vozes, e trovões, e terremotos e grande saraiva”. Livro do Apocalipse 11:19
Edição e imagens: Thoth3126@protonmail.ch

Livro Os Cavaleiros Templários e a Arca da Aliança, de Graham Phillips, Editora Madras, capítulo XI – O Fogo Divino
O poço onde Jacob Cove-Jones afirmava ter encontrado a mão de chumbo era um desses lugares. Localizado a cerca de um quilômetro ao norte da Igreja de Burton Dassett, ele está, hoje, coberto por uma construção de pedras retangulares e lisas do século XVII, com aproximadamente três metros de comprimento por dois metros de largura e um metro e meio de altura.
Um lance de degraus nos leva de uma abertura inferior à frente, para dentro de um tanque vazio, com cerca de um metro abaixo da superfície. Essa parte mais baixa é muito mais antiga do que o restante da estrutura e existe desde a época da construção da Igreja de Todos os Santos. Imagina-se que foi em algum lugar ali que Jacob Cove-Jones fez sua descoberta. Infelizmente, a estrutura mais baixa do poço estava em condições tão ruins que era impossível dizer se, algum dia, existiu um compartimento secreto naquele lugar, como afirmou Cove-Jones.
Posso não ter conseguido encontrar evidências no poço que me ajudassem a determinar a verdade, ou mentira, da descoberta de Cove-Jones, mas não estava propenso a descartar suas afirmações com base nas mesmas alegações
de seus contemporâneos. Embora tenham, originalmente, datado a mão de chumbo como do mesmo período da construção inicial do poço, os especialistas, posteriormente, decidiram que Cove-Jones a havia comprado na loja de antiguidades e que inventou a história toda de tê-la achado no poço.


O museu local, ao que parece, por fim, decidiu que a suposta descoberta era uma farsa, simplesmente porque Cove-Jones se recusara a explicar como os murais da igreja tinham-no levado até ela. Embora isso fosse compreensível, eu tinha a impressão de que o homem tinha outros motivos para manter seu segredo: ele estaria defendendo seu achado. Cove-Jones pode muito bem ter imaginado que se revelasse o que havia descoberto dos murais na igreja, outros iriam tomar posse dos detalhes de sua pesquisa e passariam a procurar os tesouros.
Suas razões podem muito bem explicar que seu desejo não era enganar as pessoas, como o museu local acreditava, mas simplesmente o de querer preservar seu interesse próprio. Ele podia apenas estar esperando até que conseguisse encontrar mais coisas antes de desvendar todos os detalhes do que descobrira. Se essa fosse a verdade, os resultados não teriam passado de uma infeliz questão de interesses. A reação de Cove-Jones de ter sido rotulado como uma fraude o fez não apenas manter suas descobertas para si, como também ter feito tudo que estivesse ao seu alcance para esconder seus achados.
Uma outra razão que levou o museu e outras pessoas a se recusarem a levar Cove-Jones a sério foi a bem elaborada trilha do tesouro que ele criou. Se ele tinha, de fato, encontrado os outros artigos que dizia ter achado, então, por que não mostrá-los ao mundo? Por que escondê-los novamente e em seguida criar uma insana trilha de pistas? O Sr. Baylis achava que aquela era a forma encontrada por Cove-Jones para perturbar seus historiadores contemporâneos. No entanto, havia uma outra possibilidade.
Era comum, durante o final do século XIX, ver colecionadores de riquezas de antigas relíquias esconder uma ou mais de suas valiosas propriedades no final de uma trilha de mensagens codificadas como uma espécie de epitáfio pessoal, guardada para que gerações futuras pudessem decifrá-las. Na verdade, eu mesmo havia seguido uma dessas trilhas, que me levou até um pequeno cálice de ônix, que o proprietário vitoriano acreditava ser o original Santo Graal. Na realidade, as pistas criadas por Cove-Jones eram muito parecidas.
Naturalmente, as autoridades do museu podiam estar certas a respeito de Cove-
Jones. Não havia como saber com certeza. Contudo, se ele havia inventado tudo aquilo, por que escolher uma mão de chumbo como o artefato no poço? Era um objeto nada comum impossível de ser identificado por outras pessoas. Cove-Jones era um homem rico, e portanto, se ele tivesse decidido comprar um artefato em uma loja de antiguidades, como o museu acreditava, por que ele não teria escolhido algo mais espetacular e adequado, como uma antiga tigela de prata ou um cálice de ouro?
O que quer que fosse a mão, não podia ser um dos itens da capela de Herdewyke da época de Ralph de Sudeley, que — de acordo com a teoria de Cove- Jones — eram os tesouros que as pistas dos murais o levaram a encontrar. O Sr. Baylis havia me garantido que a mão tinha cerca de 650 anos de idade, porque sua mãe a tinha avaliado na década de 80. Especialistas em arte que a examinaram na época, disseram que seu método de produção era, sem dúvida alguma, do estilo das obras da metade do século XIV.
Obviamente, Cove-Jones pode ter tido todos os tipos de motivos que eu nem poderia imaginar, mas pelo que vi, não tinha a menor possibilidade de simplesmente descartar suas alegações, como os especialistas haviam feito. Contudo, se Cove-Jones havia encontrado a mão de chumbo no poço depois de decifrar os murais da igreja, o que ela representava? Apesar do artefato não ser uma das supostas relíquias que ficaram expostas na capela da preceptoria de Herdewyke, o objeto sem dúvida parecia corresponder as pinturas na igreja.
Acima e abaixo das duas pessoas que seguravam o cálice e a cabeça cortada, havia desenhos espirais vermelhos, muito parecidos com a espiral de prata na palma da mão. Se a descoberta era verdadeira, obviamente, esses simbolismos tinham de ter algum significado que indicasse os Templários de Herdewyke. Quando vi os espirais pela primeira vez na igreja, tinha certeza de já ter visto algo daquele tipo. Foi somente depois de revelar as fotos que tinha tirado no Vale de Edom que percebi do que se tratava. Em uma cordilheira de pedras que ficava na metade dos degraus que nos conduziam a Jebel Madhbah, havia uma alcova entalhada na lateral do penhasco que tinha um bloco de pedra esculpido, que acreditavam ser um altar dos edomeus.

Igreja Templária de Todos os Santos construída em torno de 1330, os templários conseguiram o dinheiro para construir uma nova igreja em Burton Dassett.
Tinha tirado uma foto da alcova que mostrava que, ao lado da pedra do altar, havia um desenho entalhado na rocha — uma impressão de duas espirais entrelaçadas. Ao ver a fotografia, perguntei a diversos historiadores e arqueólogos se sabiam dizer qual era o significado das espirais, mas ninguém tinha explicação alguma. Se o pictograma fosse da mesma época do altar, o símbolo poderia ser relacionado à religião dos edomeus, que tinha alguma ligação com sua montanha sagrada. Se isso fosse verdade, essa seria mais uma conexão entre Jebel Madhbah e os Templários de Herdewyke.
Infelizmente, não havia como sabermos, com certeza, a idade dos espirais de Jebel Madhbah; eles podiam até ter sido grafitados por um turista dos dias de hoje. Apesar de tudo, os espirais me deixaram intrigado. Foi quando perguntei a um senhor, que conheci na Igreja de Burton Dassett, se ele tinha alguma idéia do que os espirais no mural representavam, que uma perspectiva totalmente nova se abriu com relação às minhas pesquisas a respeito dos segredos da Arca perdida.
Eu tinha voltado à igreja e estava ocupado tirando alguma fotos dos murais, quando uma voz vindo de minhas costas me fez saltar surpreso. “Essas são algumas das mais antigas decorações de igrejas no país.” Voltei minha atenção e me deparei com um homem de estatura baixa, que usava uma barba e tinha cabelos grisalhos com cerca de sessenta anos de idade. “É.. sim. Tem algum problema se eu tirar algumas fotos?” eu disse, surpreso por não estar mais sozinho no local. O lugar ecoava com estardalhaço, porém eu não o tinha ouvido se aproximar.
“Fique à vontade”, ele disse com um sorriso. Deduzi que devia ser o guarda responsável pela igreja, quando começou a acender as velas do altar e me deixou continuar a tirar as fotos. “Você faz alguma idéia de qual o significado dos murais?” Perguntei a ele quando terminei. O homem me respondeu praticamente tudo o que eu já sabia a respeito dos desenhos terem confundido muitos especialistas, até que lhe perguntei o que ele achava que os espirais representavam. “Essa é só minha simples teoria, mas eu acho que têm alguma ligação com as aparições no poço“, ele disse, chamando-me para que o acompanhasse até o lado de fora.
Paramos próximo ao poço enquanto ele me contava como algumas pessoas haviam tido visões miraculosas de santos e anjos relatadas naquele local durante a Idade Média. “As pessoas até hoje vêem coisas estranhas aqui, embora não as considerem mais como milagres”, ele disse. Ouvi com grande interesse quando ele começou a contar a respeito de uma ocorrência que fora relatada por um antigo vigário. Uma noite, o vigário estava saindo de casa do outro lado da estrada quando notou um brilho vermelho vindo de dentro da estrutura do poço. Ele estava prestes a começar a investigar o que podia ser aquilo, quando teve um dos maiores sustos de sua vida.
Uma bola de luz vermelha como fogo, que descreveu como tendo cerca de trinta centímetros de diâmetro, saiu do poço e flutuou pela estrada, a alguns metros do chão. Quando a bola chegou no pilar do portão próximo à entrada da casa dele, ela soltou um estouro forte e algo, que parecia a faísca de um relâmpago em miniatura, saiu de dentro dela e pôs fogo no portão de madeira. Enquanto o vigário assistia àquilo em choque, a bola de luz misteriosa encolheu ficando do tamanho de uma bola de tênis e saiu em disparada pelo ar em movimentos espirais, desaparecendo de vista no céu escuro. “Eu conheço várias pessoas que dizem ter visto essa luz estranha”, disse o homem. “O que ela é — quem pode dizer? Mas eu deduzo que era essa mesma aparição que as pessoas nos tempos antigos achavam que eram anjos ou santos.”
O homem conseguiu me deixar mais estupefato do que podia imaginar. O que ele descrevia parecia ser exatamente as estranhas bolas de luz relatadas em Jebel Madhbah. “Você disse que achava que essas aparições tinham alguma ligação com os murais?” eu perguntei. “Sim. As pessoas que viram a luz, geralmente a descrevem como algo que desaparece no ar com um movimento espiral. Você sabe, o mesmo que acontecia quando brincávamos com aquelas estrelinhas de fogos de artifício na infância. O ponto de luz que se espalha em alta velocidade deixa uma imagem visual circular em nossos olhos. Eu acredito que as pessoas que pintaram os espirais nos murais estavam tentando representar o que tinham visto.
“Claro que eles achavam que aquilo era um milagre.” Eu ia perguntar ao homem se ele próprio já tinha visto a luz, mas ele disse que precisava cuidar de alguma coisa na igreja e voltou para dentro. Por algum tempo, examinei a estrutura do poço mais de perto e fui até o outro lado da estrada para dar uma olhada no pilar do portão que, pelo que diziam, tinha sido posto em chamas pela estranha luz. O portão, porém, parecia ter sido trocado recentemente. Depois de quase dez minutos, voltei a igreja, na esperança de poder conversar mais com o homem a respeito da luz, mas ele não estava mais lá dentro. Caminhei ao redor do cemitério por alguns instantes em busca do homem, mas ele devia ter terminado seus trabalhos e ido embora. O homem, com certeza, tinha conseguido me deixar confuso.


Minhas pesquisas em busca da Arca da Aliança haviam me levado até um lugar onde um fenômeno exatamente igual ao de Jebel Madhbah tinha sido reportado. Seria isso apenas uma extraordinária coincidência? Eu tinha de descobrir mais a respeito da estranha luz no poço. Surpreendentemente, quando comecei a pesquisar na biblioteca pública na cidade do condado de Warwick, descobri que estranhas luzes parecidas com aquela tinham sido vistas por todos os cantos das Colinas de Burton Dassett. Achei dezenas de recortes de jornais relatando todos os tipos de luminosidades misteriosas: esferas, colunas e picadas de luz, geralmente de cor vermelha ou laranja, mas às vezes azul. Todas tinham sido vistas nas colinas, nas florestas e até mesmo na área do Templo de Herdewyke.
Os fenômenos pareciam acontecer em ondas, elevando-se por vários dias após períodos de chuva intensa, antes de desaparecerem novamente, às vezes durante anos. Por causa das centenas de relatos, cientistas da Universidade de Oxford investigaram as ocorrências na década de 1990 e concluíram que se tratavam de fenômenos eletromagnéticos causados pelo estrato das rochas e correntes subterrâneas. As Colinas de Burton Dassett são cobertas de granito cornalina, e uma pequena falha geológica cruza toda a região. Tudo indicava que as rochas do lugar produziam o mesmo geoplasma enigmático encontrado em Jebel Madhbah, que acreditavam ser criado por uma combinação de atividade sísmica e água corrente, embora ocorram com mais freqüência nas Colinas de Burton Dassett quando as chuvas são mais fortes.
Os relatos das estranhas luzes vistas em Jebel Madhbah pareciam muito semelhantes com as descrições do Antigo Testamento da “glória do Senhor” e do “fogo devorador” que surgiu no Monte Sinai. Muitos dos relatos das testemunhas das luzes ao redor das Colinas de Burton Dassett também pareciam assustadoramente semelhantes aos relatos bíblicos das manifestações divinas na Montanha de Deus. Um homem que entrevistei pessoalmente era o professor primário de Warwickshire, Simon Bowen. Ele havia testemunhado um fenômeno incrível enquanto voltava para casa em sua motocicleta pela estrada de terra deserta do condado que passa ao lado do curral que tinha sido a capela dos Templários. De repente, e sem explicação, seu motor parou e o farol apagou-se. Ele começou a procurar uma lanterna em seu alforje, quando percebeu que a estrada estava ficando misteriosamente iluminada.
Toda a área foi banhada por um brilho avermelhado que vinha de uma moita de arbustos na lateral da estrada. A princípio, ele achou que o arbusto estava pegando fogo, mas de repente, uma esfera de luz vermelha brilhante, com alguns centímetros de diâmetro, se ergueu acima das folhas. Ficou suspensa por alguns segundos antes de diminuir e se transformar em um ponto de luz que disparou em direção ao céu em um movimento espiral, desaparecendo na escuridão. Não pude deixar de me lembrar do primeiro encontro de Moisés com a presença do Senhor na Montanha de Deus: ‘E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça: e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. (Ex 3:2)”.
Uma sarça (arbusto) que queimava sem ser consumida! Parecia ser exatamente a mesma coisa que Simon Bowen achava ter visto. Naturalmente, o Sr. Bowen não achou que estivesse vendo um anjo, mas muitas testemunhas das luzes de Burton Dassett, durante muitos anos, interpretaram o fenômeno em um contexto religioso. Por exemplo, um globo de luz azul visto por habitantes do vilarejo de Farnborough, na extremidade sudeste das Colinas de Burton Dassett, no século XV, acharam que aquilo era uma visão da Virgem Maria; algo descrito como uma chama flutuante vista sobre um lago das redondezas durante a I Guerra Mundial foi considerado como um anjo; e, há pouco tempo, em 1986, uma esfera brilhante iridescente que apareceu do lado de fora da igreja Pentecostal ao norte das colinas, foi considerada como uma visita do Espírito Santo.


Obviamente, os mesmos fenômenos que ocorreram em Jebel Madhbah estavam acontecendo nas Colinas de Burton Dassett. Apenas alguns poucos lugares no mundo apresentam a combinação certa de geologia, atividade sísmica e de precipitações que criam o geoplasma. Certamente, era mais do que uma simples
coincidência que um fenômeno raro como esse pudesse ocorrer em dois lugares que estavam relacionados com Ralph de Sudeley e seus Templários.
Jebel Madhbah pode, originalmente, ter sido considerada sagrada, por causa das estranhas luzes vistas no local — fenômenos vistos como manifestações de Deus. Era bastante possível que os Templários posicionados no Vale de Edom tivessem visto essas luzes e também as tivessem considerado como algum tipo de aparição divina. Será que Ralph De Sudeley e seus Templários decidiram construir sua preceptoria no pé das Colinas de Burton Dassett porque sabiam que fenômenos semelhantes aconteciam ali?
Na verdade, os Templários de De Sudeley podem ter considerado Jebel Madhbah como tendo sido a Montanha de Deus e acreditavam que essas estranhas luzes seriam a “glória do Senhor” descrita no Antigo Testamento. Os Templários que se estabeleceram no Vale de Edom, certamente sabiam que a região tinha associações bíblicas porque mapas das Cruzadas contemporâneas se referem à região como Le Vaux Moise — “o Vale de Moisés”. Além disso, o santuário de Ain Musa dos beduínos já estava lá quando os Templários chegaram, o que significa que os Templários deviam saber que ali era o lugar que acreditavam que Moisés tinha criado a fonte milagrosa. Sendo assim, é possível que eles tenham chegado à conclusão de que Jebel Madhbah era a Montanha de Deus. Se tinham conhecimento da Bíblia (e como muitos deles eram monges, imaginamos que isso fosse natural), eles sabiam que Moisés havia criado sua fonte na “rocha em Horebe”.
Como Horebe era um dos nomes do Antigo Testamento para a Montanha de Deus, não teria sido preciso muita imaginação para que chegasse à conclusão de que o santuário de Ain Musa ficava na base do lugar que deve ter sido essa mesma montanha santa. Quando os sarracenos forçaram os Templários a abandonar o Vale de Edom, um outro lugar onde acreditava-se que “a glória do Senhor” se manifestava seria o local perfeito para construir uma nova preceptoria. Além disso, se os Templários de De Sudeley tinham encontrado o que acreditavam ser relíquias bíblicas no pé de Jebel Madhbah, a capela na base das Colinas de Burton Dassett seriam o lugar sagrado ideal para guardá-las. Para eles, as Colinas de Burton Dassett podem ter sido a nova Montanha de Deus.
Enquanto continuava a investigar as estranhas luzes ao redor das Colinas de Burton Dassett, comecei a suspeitar de que estava seguindo por um caminho muito mais significativo. Parecia que esses fenômenos peculiares podiam, na realidade, estar escondendo o segredo que desvendaria um dos maiores mistérios a respeito da Arca da Aliança — o que ela, de fato, tinha sido. De acordo com o Antigo Testamento, a glória do Senhor apareceu muitas vezes sobre e ao redor da Montanha de Deus, mas, assim que os israelitas deixaram a região, a mesma glória do Senhor continuou a aparecer para eles. Agora, porém, ela vinha da Arca. Por exemplo, Levítico 9:23 descreve como, depois da Arca ser colocada no interior do santuário do tabernáculo, a presença de Deus se manifestou: Então entraram Moisés e Aarão na tenda da congregação, e
depois saíram, e abençoaram ao povo: e a glória do Senhor apareceu a todo o povo.
Quando a Arca era consultada no tabernáculo, não somente a glória do Senhor, mas uma nuvem miraculosa, às vezes, aparecia. Por exemplo, o livro dos Números diz que os israelitas “virando-se para a tenda da congregação, eis que a nuvem a cobriu, e a glória do Senhor apareceu” (Nm 16:42). Dizem, ainda, que essa nuvem pairava sobre a Arca quando ela era levada de um lugar a outro: A arca da aliança do Senhor caminhou diante deles em uma jornada de três dias, para lhes buscar lugar de descanso. E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia. (Nm 10:33-34) Ao que tudo indica, durante a noite, a manifestação era vista em forma de fogo e, durante o dia, em forma de uma nuvem. Êxodo 13:21 descreve a aparição do Senhor da seguinte maneira: “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna do fogo “.
As luzes de Burton Dassett foram relatadas durante horas de escuridão, mas um outro fenômeno também estranho foi visto durante o dia. Ele foi descrito como uma “pequena nuvem que paira logo acima do chão”, “uma coluna de névoa”, e “uma bola de fumaça que dança”. Na verdade, uma testemunha que eu mesmo consegui entrevistar, deu uma descrição que parecia ser tirada do Antigo Testamento. O lago próximo ao vilarejo de Farnborough, onde a chama flutuante foi vista durante a I Guerra Mundial, é também o lugar de dezenas de relatos tanto das luzes estranhas como da misteriosa coluna de névoa. Gary Selby, um pescador amador da cidade de Oxford, estava pescando com dois amigos em um dia de verão de 1999 quando os patos no lago, de repente, começaram a voar.
Sem saber o que os havia surpreendido, os três homens olharam do outro lado da água e viram-se diante de um espetáculo estranho. Aquilo que Gary descreveu como uma coluna do tamanho de um homem de névoa cinza escura desceu do céu e ficou pendurada, sem se mexer, acima do centro do lago. Ela permaneceu ali por alguns instantes e, então, começou a se movimentar para frente e para trás, cerca de trezentos metros nas duas direções, antes de girar como um pequeno tornado e desaparecer no ar. De acordo com o livro do Êxodo, Moisés viu algo muito parecido quando Deus se manifestou da Arca no tabernáculo: “E sucedia que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda” (Ex 33:9).
Tanto a estranha névoa quanto as bolas de fogo e as colunas de luzes, foram relatadas muitas vezes sobre o lago de Farnborough, e assim como as descrições bíblicas da glória do Senhor, elas podem muito bem ser o mesmo fenômeno visível, de formas diferentes, durante o dia e na escuridão. Especialistas explicaram os fenômenos como algo chamado de gás do pântano: vapores liberados das vegetações apodrecidas que podem, às vezes, desencadeá-los. No entanto, é difícil imaginarmos como o gás do pântano, submetido à ação da direção dos ventos, possa se mover de duas formas diferentes. Parecia mais provável que a estranha névoa estava, de alguma forma, relacionada com a aparição de geoplasma que acontecia durante o dia; somente na escuridão, ela seria vista como uma forma de brilho.


Como vimos anteriormente, é bastante possível que os relatos bíblicos da glória do Senhor visto no Monte Sinai fossem, na verdade, descrições de fenômenos geoplasmáticos e que o mesmo fogo divino era, de alguma maneira, produzido pela Arca da Aliança. Há indicações de que o geoplasma possa ser uma fonte de energia alternativa — para indústrias de combustíveis, de fornecimento de energia, proporcionando inclusive um meio de viagem interestelar. Atualmente, pesquisas científicas acerca do fenômeno estão apenas no início, e seu poder está longe de ser utilizado. No entanto, se a glória do Senhor era, de fato, o geoplasma, parece que Moisés sabia exatamente o que fazer para controlá-lo. Percebi que estava lidando com coisas fora do comum, mas não pude deixar de imaginar se a Arca da Aliança seria, na verdade, algum tipo de mecanismo geoplasmático.
A equipe de cientistas da Universidade de Oxford que tinha estudado as luzes de Burton Dassett havia conduzido experimentos semelhantes aos realizados pelo Departamento de Minas e Energia dos Estados Unidos em 1981, comprimindo os núcleos do granito cornalina e do arenito para produzir geoplasma de baixo nível. Consegui entrar em contato com o Dr. James Mellor, um dos responsáveis pelos experimentos da equipe, e perguntei a ele se seria possível criar um aparelho que reproduzisse artificialmente o fenômeno em uma escala maior.
“Seria preciso uma máquina gigantesca para comprimir a quantidade de rocha necessária”, ele me disse ao telefone. “Seria algo totalmente impraticável. Poderia ser possível produzir artificialmente as luzes da terra (o termo popular que a equipe de Oxford usava para o geoplasma) sem a necessidade de um compressor de bombardeamentos de elétrons e de um campo magnético forte o suficiente. No entanto, a única maneira de comprovar essa teoria, no momento, seria por meio do uso de um acelerador de partículas, mas não existem muitos disponíveis no mundo.” “Você acredita que seria possível, no futuro, criar um aparelho portátil para produzir o geoplasma?” eu perguntei.
O Dr. Mellor respondeu-me que sim, se a energia solar pudesse ser controlada por meio da criação de células de silício fotoelétricas que convertessem a luz do sol em eletricidade suficiente. Infelizmente, ele explicou, nós ainda temos que descobrir o que fazer para maximizar a conversão da energia solar em elétrica. “Se isso pudesse ser feito, qual seria o aspecto de um gerador geoplasmático?” eu perguntei. “Não faço a menor idéia”, ele disse, “mas seria preciso que houvesse um núcleo de granito cornalina ou de arenito e que fosse isolado por um policarbonato espesso ou uma camada grossa de chumbo ou de ouro.”
Embora esses detalhes pudessem desapontar um cientista, eu estava perplexo. O Dr. Mellor poderia estar descrevendo a Arca da Aliança. Ela tinha um revestimento folheado a ouro e guardava tábuas de arenito. A Bíblia nos conta o que havia na Arca quando foi aberta no Templo de Jerusalém: “Na arca nada havia, senão só as duas tábuas de pedra, que Moisés ali pusera junto a Horebe” (1 Reis 8:9). Essas duas tábuas de pedra, nas quais dizem que Deus inscreveu os Dez Mandamentos, foram, ao que tudo indicava, cortadas da rocha do topo do Monte Sinai. (De acordo com o Êxodo, Moisés quebrou as duas primeiras tábuas e Deus pediu que ele próprio cortasse outras duas da rocha exposta no cume do Monte Sinai.)
E ele (Deus) deu a Moisés, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Ex 11:18). O cume de Jebel Madhbah é composto de arenito, que, assim como o granito cornalina das Colinas de Burton Dassett, é uma das poucas rochas que sabe-se ser capaz de produzir o geoplasma. A importância das tábuas sagradas pode não ter sido apenas pelo fato de trazerem os mandamentos de Deus, mas também por terem sido feitas de um determinado tipo de pedra. Naturalmente, não havia nenhuma descrição bíblica de algo que pudesse conter células de silício fotoelétricas, mas uma parte muito importante da Arca ainda permanecia sem ser mencionada — o misterioso propiciatório.
Seria possível que os antigos israelitas tivessem, de alguma forma, encontrado algo que, atualmente, não passa de um processo de física teórica de tecnologia de ponta, e criado um gerador geoplasmático? O que quer que fosse, se podemos acreditar na Bíblia, a Arca da Aliança produzia algo que era incrivelmente semelhante aos fenômenos das Colinas de Burton Dassett e de Jebel Madhbah. Além disso, ela poderia ser extremamente perigosa, assim como a luz relatada pelo vigário de Burton Dassett, que descarregou o que parecia ser energia elétrica e pôs fogo no pilar de seu portão. Uma passagem do Antigo Testamento descreve algo muito parecido vindo da Arca: “Porque o fogo saiu de diante do Senhor, e consumiu o holocausto e a gordura, sobre o altar” (Lv 9:24).
O fenômeno das Colinas de Burton Dassett pode ser ainda mais destrutivo, como aconteceu em 1931, quando uma bola de fogo em chamas se chocou contra um moinho de vento, incendiando-o e destruindo-o por completo. O dono do moinho e sua esposa quase perderam suas vidas. Quando a glória do Senhor apareceu para os antigos israelitas, alguns deles não tiveram tanta sorte: “E o fogo do Senhor ardeu entre eles, e consumiu os que estavam na última parte do arraial” (Nm 11:1). O que quer que fosse esse fogo divino, os israelitas, aparentemente, sabiam o que fazer para controlá-lo. O versículo seguinte dessa história descreve como Moisés impediu a devastação: “Então o povo clamou a Moisés; e Moisés orou ao Senhor, e o fogo se apagou” (Nm 11:2).
Diversas vezes, a Arca não apenas foi usada para se comunicar com Deus, mas também como uma arma apavorante. De acordo com o Antigo Testamento, Deus instruiu os israelitas para encontrarem um reino hebraico em Canaã, uma terra já ocupada por dezenas de diferentes povos hostis que eram muito mais populosos que eles. Para conseguir superar obstáculos tão surpreendentes, o incrível poder da Arca foi usado para esmagar carruagens, derrubar muralhas de cidades e derrotar exércitos inteiros, até que somente um inimigo restou: os poderosos filisteus.

Os misteriosos murais para cada lado da janela norte do transepto na igreja Templária em Burton Dassett com o desenho da espiral acima.
Em uma série de batalhas decisivas, que finalmente fizeram com que os israelitas estabelecessem seu reino de Israel, a Arca é usada para destruir seus oponentes finais. De acordo com o primeiro livro de Samuel, os filisteus, inicialmente vencem, até que a Arca é usada: E quando as pessoas chegaram ao arraial, os anciãos de Israel disseram… Permita-nos pegar a arca da aliança do Senhor e levar até nós, para que, quando a coloquemos entre nós, possa ela nos salvar da mãos de nossos inimigos. (1 Sm 6:2-3)
Ainda mais pertinente para nossos propósitos, o fogo divino que emanava da Arca não era uma ocorrência aleatória, mas era um ato invocado de forma deliberada pelos israelitas. Moisés, por exemplo, chamou o poder de Deus da Arca para destruir seus inimigos: Acontecia que, partindo a arca, Moisés dizia, Levanta-te, Senhor, e dissipados sejam os teus inimigos; e fujam diante de ti os odiadores. (Nm 10:35). Parece, então, que os antigos israelitas tinham não somente criado algo que agia de forma muito semelhante a um gerador geoplasmático, mas também o utilizavam como uma arma futurista de destruição em massa. Entretanto, não havia como saber o que de fato era a Arca da Aliança, a menos que ela pudesse ser encontrada.
Eu podia não ter provas de que De Sudeley e seus Templários tinham, na verdade, encontrado a Arca em Jebel Madhbah, mas havia evidências razoáveis de que haviam achado um baú dourado que acreditavam ser uma relíquia bíblica. Essa mesma relíquia poderia muito bem estar entre os objetos guardados na Capela de Herdewyke. Jacob Cove-Jones afirmava ter encontrado (e escondido novamente) algumas dessas mesmas relíquias, que incluíam “uma descoberta de imensa importância”. Era possível que esse fosse o mesmo baú dourado. Ele, obviamente, havia deixado pistas que levavam até seu próprio esconderijo no vitral da igreja no vilarejo de Warwickshire de Langley. Eu tinha de ver o vitral com meus próprios olhos. 
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