segunda-feira, 24 de julho de 2017

HISTÓRIA E MITOS SOBRE SÃO CRISTÓVÃO


São Cristóvão Católico

Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
São Cristóvão faz parte de um grupo de santos venerados em partes diferentes do mundo, com histórias e lendas diferentes. Em 1969, no papado de Paulo VI, João Batista Montini, que era um intelectual, e que visava banir da fé cristã alguns mitos, ele chegou a ser considerado um santo cujas origens não eram muito precisas, sendo mesmo considerado por alguns como um mito. Por isso seu culto não era recomendado.
Acontece que mitos envolvem as histórias de quase todos os santos. Alguns hagiógrafos (escritores que narram vidas de santos) exageraram em suas narrativas. Baseados em tradições pouco sérias ou em exageros das crenças populares, narraram absurdos sobre as vidas de muitos santos.
Também alguns santos são cultuados sob um mito, uma lenda ou uma história em alguns países ou regiões, e outro completamente diferente em outros lugares. Parece ser o caso de são Cristóvão. O fundamental, porém, é a fé que anima o crente, porque as entidades espirituais são diferentes dos seres humanos físicos e históricos.
Além do mais, há variantes do próprio cristianismo. Há a variante católica romana, que é o grupo com maior número de adeptos. Segue os papas de Roma e os bispos e sacerdotes católicos. Há também um ramo muito antigo que segue a chamada Igreja Ortodoxa, cujas origens estão no Império Romano do Oriente, depois da queda do Império Romano do Ocidente. Enquanto a cidade de Roma e seu Império Romano do Ocidente foram dominados pelos povos do norte da Europa no século V, dando origem ao feudalismo e, depois, ao Sacro Império Romano Germânico, o Império Romano do Oriente durou mais mil anos. Somente teve fim no século XV, mais precisamente em 1453, quando os turcos otomanos tomaram sua capital Constantinopla.
Nesse Império Romano do Oriente surgiu a Igreja Ortodoxa, que possui ainda hoje muitos adeptos, especialmente na Rússia e nos países do Leste Europeu. Eles cultuam muitos santos com nomes comuns aos da Igreja Católica Romana, mas com histórias e lendas diferentes. Além do mais, há um numeroso grupo de cristãos que seguem diversos ramos do cristianismo surgidos a partir da Reforma Luterana, que são contrários ao culto de santos.
São Cristóvão, entre os católicos romanos, passados os banimentos exagerados de Paulo VI, ressurgiu, basicamente, como o padroeiro dos motoristas. Esse culto tem origem numa história, cuja veridicidade não é possível confirmar, do tempo do imperador Romano Décio Trajano ou Diocleciano, que reinaram no século III d. C.
Segundo essa narrativa, havia um homem de físico muito avantajado, muito alto e muito forte. Seu nome, segundo uns, seria “Reprobus”, segundo outros “Offerus”, que se recusava seguir as normas do cristianismo. Não jejuava, não cultuava Jesus Cristo. Convertido por um eremita, decidiu reparar seus pecados de rejeição ao cristianismo, auxiliando as pessoas a atravessar um rio caudaloso, que já colhera muitas vidas. 
Como era muito alto e forte, tomava os passantes em seus ombros e os levava à outra margem. Conta-se que, certo dia chegou a ele um menino e pediu-lhe para levá-lo para a outra margem. Antes, porém, perguntou ao gigante se ele tinha certeza que poderia fazer isso. Em resposta, o gigante lhe afirmou que já tinha carregado pelas águas homens pesados, que seria tarefa muito fácil transportar uma pequena criança.
Porém, quando chegaram à parte funda do rio, estavam ambos a afogar-se. O gigante não conseguia mais sustentar o peso do menino e submergia nas águas caudalosas. Então, o menino lhe teria dito: - Eu sou Jesus Menino. Eu carrego o mundo nas costas. E teria salvado o santo do afogamento.
Desde então, o santo passou a chamar-se de Cristóvão, “Cristophorus”, em latim, (Άγιος Χριστόφορος, em grego), ou seja, aquele que transportou Cristo. Esta é a história mais comum e que levou São Cristóvão a ser o santo padroeiro dos motoristas, aqueles que transportam pessoas ou objetos.
São Cristóvão Ortodoxo
Na Igreja Ortodoxa Oriental, o culto e a lenda são diferentes. No século XVI, mais precisamente no reinado de Ivan, o Terrível, unificador de todas as Rússias, esse imperador se transformara em Czar, ou seja, o novo César. Com a tomada de Constantinopla pelos turcos, Ivan desejava transformar Moscou em uma nova Roma, da qual ele seria o novo César, do novo império russo que estava fundando. Constantinopla era a segunda Roma, Moscou seria a terceira Roma.
Pois nesse tempo e nesse império teria surgido um homem extremamente belo, cuja beleza todas as mulheres desejavam. Sendo ele profundamente religioso e querendo livrar-se desse
assédio, solicitou a Jesus Cristo que lhe desfigurasse o rosto. Segundo a versão mais divulgada, Jesus transformou sua cabeça em cabeça de cavalo. Há outras versões menos comuns em que sua cabeça se tornara uma cabeça de cachorro. Assim, livrara-o o Senhor Deus do assédio feminino.
Há ainda hoje, na ilha de Sviajsk, no rio Volga, na Rússia,  numa famosa igreja medieval muito antiga, toda construída em madeira sem o emprego de pregos, uma estampa que representa São Cristóvão com cabeça de cavalo. Esse são Cristóvão tem uma outra representação e outro culto que nada tem com o nosso padroeiro dos motoristas.

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