segunda-feira, 10 de julho de 2017

A FRANÇA DO SÉCULO XIX AOS NOSSOS DIAS

Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Este pequeno e despretensioso texto não visa a nenhuma investigação nova. Parece-me que um dos grandes males da erudição é a falta de laços. Enquanto a erudição é uma soma muitas vezes desconexa, a cultura é uma síntese estabelecedora de laços e injunções. Sabe-se muito sobre a França. Sinto a necessidade de ligar os fatos. Essa é a pequena caminhada a que me proponho.
PRIMEIRA REPÚBLICA FRANCESA
No fim do século XVIII, houve a propalada Revolução Francesa (1789-1799), que originou a Primeira República Francesa. Vencidos os Bourbons (Luis XVI) e a elite da aristocracia dos oligarcas ligados aos latifúndios que eles representavam, inicia-se um período de terror com o governo da primeira tríade revolucionária ROBESPIERRE-DANTON-MARAT. Com a execução de milhares de pessoas, a invenção da guilhotina. O depuramento pela lavagem de sangue atingiu até mesmo o rei e sua família. Acredita-se que se tenham executado entre 40 e 50 mil pessoas. A Revolução se iniciara em 1789. Criara uma assembleia constituinte, uma constituição, um governo. Porém, não havia uma unidade mínima de comando. Em 1793, um de seus principais líderes, MARAT, foi assassinado. Em Abril de 1794, DANTON, outro fortíssimo líder revolucionário foi condenado e guilhotinado. Por fim, em julho de 1794, também foi condenado e executado ROBESPIERRE, que fora o mais importante membro de toda a revolução. Desse modo, a revanche veio e os que haviam lavado a pátria com o sangue alheio, emprestaram o próprio para a lavagem final.
Esse conflito interno dos revolucionários e o clima de terror implantado levou ao fracasso da Primeira República implantada pela Revolução Francesa. A Revolução terminou em meados de 1789. Vieram as cisões internas. Execuções aos milhares. Injustiças e, em setembro de 1804, inicia a ditadora de Napoleão que vai até 1814/1815.
IMPÉRIO DE NAPOLEÃO BONAPARTE 
Napoleão faz grandes reformas civis. Modernizou Paris e a França. Criou um império poderoso e cheio de glórias. Contraiu também imensas dívidas com os bancos, especialmente com o Banco Rothschild, do poderoso barão judeu Nathan Rothschild. Porém, fundara seu poder na guerra. Havia posto a Europa e grande parte do mundo em polvorosa.  Depois de mais de 10 anos de loucuras e guerras, Napoleão foi deposto e exilado na Ilha italiana de Elba. Dali foi libertado e voltou ao poder por alguns meses. Foi novamente e definitivamente deposto.
REVOLUÇÃO ARISTOCRATA DE 1815-1830 - MONARQUIA - RETORNO DOS BOURBONS
Surgiu o período pós-napoleônico, uma disputa entre a volta à monarquia e a implantação da república Em 1815, depois dos 100 dias do retorno de Napoleão, Bonaparte foi novamente exilado definitivamente para  ilha de Santa Helena, na costa africana, onde viveu até seus últimos dias. Restabelece-se, então, a antiga monarquia com Luis XVIII. (Bourbon - monarca conservador ligado aos antigos latifundiários). 
REVOLUÇÃO BURGUESA 1830-1848 - FAMÍLIA DE ORLEÃS
Em 1830, há uma contra-revolução, vencida por uma nova oligarquia ligada então à burguesia, uma oligarquia urbana, ligada à industria, ao comércio e aos bancos. Assume Luis Filipe, agora da casa de Orleãs. Os Burbons, não esqueçamos, ligavam aos latifúndios rurais.
REVOLUÇÃO DE 1848 - SEGUNDA REPÚBLICA E IMPÉRIO DE NAPOLEÃO III
Em 1848, nova Revolução, revolução republicana. Luis Bonaparte assume a presidência da república, eleito pelo voto popular. Porém, terminado o seu mandato, volta à monarquia. Luis Napoleão, era sobrinho do Bonaparte. Fora eleito, como se disse, para da Presidente da Segunda República e, em 1852, torna-se o imperador Napoleão III. Tem um longo reinado de 1852 a 1870. Foi responsável pelo final da conquista do sudeste asiático, e estabeleceu novo enriquecimento baseado nas colônias predatórias da China, do Canadá e de vastas regiões da África. Incrementa-se a importação do ópio e da heroína, fontes inestimáveis de renda numa sociedade desiludida e depravada. Aparece o Decadentismo nas artes e na literatura. Emergem os Vencidos da Vida. Advém, então a guerra Franco-Prussiana, em que Napoleão III é derrotado, deposto e exilado. 
TERCEIRA REPÚBLICA 1870-1940
O fim do império de Napoleão III, dá origem à Terceira República, que se vai estender até 1940. Nesse período, houve a PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1814-1818). Os aliados venceram, mas tiveram perdas muito relevantes. Surge o NAZISMO, Hitler e o TERCEIRO REICH. Os bancos e e as indústrias financiaram HITLER. Fritz Thyssen, proprietário do segundo maior grupo de indústrias de aço da Alemanha apenas menor do que a poderosa KRUPP, escreveu um livro: "Eu Financiei Hitler", disponível no mercado.
Em consequência do poderio conferido ao novo "Führer", iniciada a guerra mundial em setembro de 1939, em maio de 1940, os alemães nazistas tomavam a França e milhões de soldados alemães marchando pelas margens so Sena no mesmo ritmo faziam as pontes sacudirem e enchiam de medo os corações dos parisienses. Ficaram no domínio do país até a famosa BATALHA DA NORMANDIA (quase 3 meses de batalhas ferrenhas). Em agosto de 1944, a França é libertada dos nazistas após 4 anos de domínio alemão.
QUARTA REPÚBLICA  1944
Em 1944 inicia-se a quarta República, um período de crescimento com o apoio dos Estados Unidos. Acontecem também as rebeliões das colônias do sudeste asiático, mormente com a Guerra do Vietnã, depois assumida pelos USA. Todo o sudeste da ásia era colônia francesa, além da própria China, Cambodja, Laos e o Vietnã, bem como antiga Birmânia (atual Myanmar). Houve também a rebelião das colônias do norte da África, de modo especial da Tunísia, do Marrocos e principalmente da Argélia, que a França esmagou com crueldade e terror. Porém, somada à perda das colônias, vem um acentuado processo de corrupção política e financeira e um agudo processo de inflação, com a emissão de moeda sem lastro. 
QUINTA REPÚBLICA
Charles de Gaulle, líder da resistência durante a Segunda Guerra Mundial, que fora presidente provisório logo após a libertação do regime nazista, apresenta-se com crédito para restaurar a pátria. O estado confere-lhe amplos poderes executivos e, desse modo, recupera a combalida república francesa. Depois disso houve um ciclo de grande progresso sob os governos conservadores de Direita. Ao fim desse ciclo, elegeu-se o governo de Esquerda de François Mitterrand que se sustentou por 14 anos. Findo esse período, sucederam-se governos de Direita e Esquerda o o país  se mantém até hoje, com altos e baixos períodos de prosperidade.
Creio que este percurso, que nada traz de novo, provoca um olhar de conjunto da história francesa nos últimos tempos. 

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