terça-feira, 25 de outubro de 2016

MUDANÇA DOS PAPAS PARA A FRANÇA – AVIGNON - 1309 - OS ANTIPAPAS


Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Com o enriquecimento dos reis da França e seu consequente aumento de poder, a sede do papado foi transferida de Roma, na Itália, para Avignon, na França. 
Em 1309, em pleno reinado de Felipe IV, o Belo, esse rei procedeu à transferência do papado para o território francês, para Avignon (Avinhão) que é uma pequena cidade ao sul da França, às margens do rio Ródano. Hoje tem cerca de 100 mil habitantes.
Esse período, que se estendeu de 1309 até 1377, ficou conhecido como “Cativeiro de Avignon” em relação ao povo judeu na Babilônia. 
Acontece que o papa Bonifácio VIII não permitia que o rei cobrasse tributos da igreja francesa. Quando Bonifácio faleceu em 1303, é eleito um papa nascido na França, o cardeal Bertrand de Gouth, que tomou o nome de Clemente V. Há quem diga que houve na escolha influência e dinheiro do rei da França. No ano de 1309, Clemente V foi levado, por ordem de Felipe, para um palácio na cidade de Avignon. Aí os papas permaneceram até 1377. Nesse ano é eleito sumo pontífice o cardeal francês Pierre-Roger de Beaufort, que adota o nome de Gregório XI. Por influência de Santa Catarina de Siena, uma freira italiana da Ordem das Dominicanas.
Gregório havia sido eleito papa em 1370, em 1377 decide retornar a sede da Igreja Católica para Roma, para a Igreja de São João de Latrão, onde fora sua sede desde o século IV. Essa igreja, mais o palácio que está ao lado do templo, haviam sido doados pela imperatriz Flávia Máxima Fausta, esposa do imperador Constantino. Em 1378, falece Gregório XI. Sua morte é tida como natural, embora haja sobre isso imensas suspeitas.
Já estabelecida em Roma, a igreja elege como papa Bartolomeo Prigano, Arcebispo de Bari, um simples líder da chancelaria papal, que toma o nome de Urbano VI. 

DOIS PAPAS AO MESMO TEMPO
Como Urbano fosse homem de pouca habilidade política, liderados pela Rainha Joana I de Nápoles, um grupo de cardeais escolheu um novo pontífice, Roberto de Genebra, que escolheu o nome de Clemente VII e assumiu o trono de Avignon, ficando conhecido como antipapa. Assim, enquanto Urbano VI era o papa de Roma, Clemente VII era o papa da França, de Avignon.
Desta forma, constituiu-se um grupo de países que apoiava o papa de Roma que eram: Inglaterra, Flandres, Sacro Império, Itália, Irlanda, Noruega, Portugal, Dinamarca, Polônia e Suécia. 
Por outro lado, apoiavam o papa francês os países, reinos e condados a seguir: França, Aragão, Leão, Castela, Chipre, Borgonha, Saboia, Nápoles e Escócia. 
Bonifácio IX seguiu Urbano VI, em Roma; enquanto que Bento XIII substituiu Clemente VII, em Avignon. Inocêncio VII foi eleito em Roma em lugar de Bonifácio IX. Porém, em 1398, o rei da França, cercou Avignon para depor Bento XIII, conhecido como Pedro Luna, que era aragonês, espanhol, portanto. Bento não renunciou e foi reconhecido novamente como papa.
Clemente VII reinou apenas um ano e foi substituído por Gregório XII. Assim, em 1409, os dois grupos decidiram buscar uma via conciliar para resolver a situação, realizando o Concílio de Pisa. Eles destituiriam os dois Papas: Bento XIII e Gregório XII e elegeram o Papa Alexandre V (com a maior parte das Ordens Religiosas decididas a fazer uma inteira reforma na Igreja). Mas os dois papas que tinham sido destituídos não aceitaram e a Igreja passou a ser governada agora por três Papas.

SURGE A IGREJA DOS TRÊS PAPAS
Gregório XII em Roma e os antipapas Bento XIII, em Avignon e Alexandre V, em Pisa. Este último papa foi substituído pelo antipapa João XXIII.
A situação somente iria mudar a partir de 1415 quando um novo concílio foi realizado em Constança. Os cardeais decidiram naquele momento que o papa de Piza, João XIII, fosse deposto. O papa de Roma, Gregório XII, renunciou ao cargo. E o papa de Avignon, Bento XIII, foi excomungado. Um novo papa foi eleito para garantir a unidade da Igreja na Europa. O cardeal Odo Colonna, que tomou o nome de Martinho V, foi reconhecido como único papa em 1417 e se instalou em Roma, acabando com o Cisma do Ocidente.

2 comentários:

  1. merci Oscar Luiz Brisolara pour vos publications, très instructives et passionnantes sur les faits de mémoire

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  2. De rien, ma chère amie Mina Sylvie. Je vous remercie de votre commentaire.

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