domingo, 28 de setembro de 2014

A CIÊNCIA E A PROFESSORINHA DO CAMPO

Prof. Dr. Oscar Luiz Brisolara
Quase nada sabia... sabia que não sabia... ensinava tudo o que sabia... e os alunos aprendiam tudo... mesmo o que ela não sabia...
Ah, os sábios... o verdadeiro sábio sabe... sabe que não sabe nada... Porém, há os que sabem tanto... especialmente os que já sabem tudo... E fala-se tanto em cultura... saberes... tecnologia... ciência... Ah!!!... novamente a ciência... Mas, o que é, enfim, a ciência, se ninguém sabe o que há de vir?
Há mesmo aqueles... muitos... que olham do alto de sua vida chique, com desdém dos de debaixo... De alto de quê, se o universo não tem nem cima nem baixo? Chegaram mesmo a fazer um globo universal colocando os do norte para o alto e os pobres do sul para baixo... Neste universo que doidamente roda a espantosas velocidades, o único parâmetro central é o umbigo do indivíduo que fala... aqui, lá, abaixo, acima... tudo só pode ser dito em referência ao umbigo, ponto central de quem tomou a palavra... Eu vi na Austrália um globo com o sul para cima... e estava certo... tão certo quanto o outro que poderia também estar errado...
O sábios são os que aprenderam algumas técnicas... uns truquezinhos de como se utilizar das forças da natureza para facilitar as coisas do dia-a-dia... registraram esses truques e os guardam secretamente para ganhar dinheiro e muito... para engambelar a vaidade dos outros... Assim arquitetou-se o nosso universozinho e suas instituições, que se vão transmutando ao sabor das regras mundo...
Não posso esquecer o sábio judeuzinho alemão que fugiu para a América (se pudesse chamar alguém de sábio, esse o era, mas ele não gostava dessa pecha...) Pois Nikola Tesla foi contratado pelo poderoso patrocinador de Thomas Edison, George Westinghouse. Edison somente trabalhava com corrente contínua porque a alternada matava.
O ambicioso Westinghouse, descobrindo que o jovem Tesla dominava a corente alternada, muito mais poderosa, passou a patrociná-lo para vender energia ao mundo inteiro. Porém, quando recebeu as fórmulas e plantas das mãos do jovem, incendiou o laboratório do judeu. Este desenvolvia um processo para dar energia de graça a todos... E com o petróleo e tudo o mais é assim... vendem-nos até mesmo as ondas por onde circula esta mensagem...
Voltemos à professorinha do campo que tinha perfeita noção de que nada sabia... eu também nasci no campo e também não sabia nada... Mas aí fui para uma escola de frades... e me ensinaram a língua e depois as línguas... acontece que os sábios criaram até uma língua da sabedoria para dizer que os outros não sabem nem falar...
Não criaram uma só, foram muitas... e grego e depois latim... (houve um tempo em que, o que não fosse escrito em grego ou em latim não era científico)... francês... inglês... alemão... japonês... hoje, bonito é falar chinês (não, é mandarim)... muito fácil, por sinal... e eu fui aprendendo um pouco de tudo isso... porque direitinho, direitinho ninguém sabe nada...
Depois, ensinaram-me filosofia e me fizeram mestre e doutor e eu me palhacifiquei de toga... e do alto de meu doutorado disse uma série de palavras que alguns consideraram até mesmo sábias...

Mas, pensando bem, saber uma língua é saber dizer uma coisa de outro modo... portanto, não é saber nada... saber uma ciência é saber um truquezinho de usar as forças da natureza... logo, também isso não é um saber... ergo, nihil scio... (Portanto, nada sei). Pois acontece simplesmente, no momento em que estava para chegar à revolucionária conclusão de que nada sei...Que decepção! Sócrates já se me havia antecipado há, pelo menos, 2400 anos... (Há mesmo os que dizem isto, smomente para dizerem que sabem).

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