quarta-feira, 28 de maio de 2014

AS HORAS DO DIA E DA NOITE ENTRE OS ROMANOS ANTIGOS - THE HOURS OF THE DAY AND NIGHT AMONG THE ANCIENT ROMANS



         Parece-nos natural que o dia seja dividido em 24 horas iguais e que, durante o ano inteiro, essa marcação seja igual durante o ano inteiro. Isso nos parece absolutamente indiscutível porque nos habituamos desde sempre com essa forma de marcar o tempo.
         Como vemos o dia clarear pela manhã e escurecer ao fim da tarde, assim nos parece ser nossa marcação de horas natural. Veja-se que as pessoas que nasceram com a televisão correm o risco de considerá-la tão natural como o amanhecer.
         Hora, nem todos os povos contavam as horas do dia e da noite da mesma forma e nem sempre esse modo foi como é hoje. Vejamos como se dava essa marcação entre os antigos romanos, dos quais herdamos quase todas as formas de medir o tempo e de nele nos situarmos. É sabido que o relógio mais comum (horologium solarium) era o relógio de sol.
         Veja-se abaixo o relógio de sol mandado construir pelo imperador augusto, usando um obelisco conhecido como Solarium Augusti:



         Diferentemente de nós, os romanos dividiam o tempo de luz, ou seja, o dia, em doze horas. Assim, no verão, as horas eram maiores do que no inverno.
         Expressavam as horas em números ordinais: hora prima, hora secunda, hora tertia, hora quarta, hora quita, hora sexta, hora septima, hora octava, hora nona, hora décima, hora undecima et hora duodecima. A hora prima (primeira hora) marcava o amanhecer. A hora duodecima marcava o fim do dia, ou seja, o pôr do sol. A hora sexta marcava o meio-dia. Daí vem o nome o nome sesta após o almoço.
         Porém, as horas da noite eram somente quatro: prima vigília, secunda vigília, tertia vigília et quarta vigília. Também tinha duração diferente de acordo com a época do ano.
         A origem dessas horas noturnas estava relacionada com os turnos de vigilância nos acampamentos militares. Daí vêm as palavras vigilante, vigia, vigilar e vigiar.
         Assim, para saber-se a duração de uma hora do dia ou da noite precisava-se levar em conta a época do ano em que se estava. Para medir, por exemplo, a duração das horas da noite, era necessário dividir por quatro o período que ia do pôr do sol ao amanhecer.

         Faziam, então, diferença entre hora do dia, variável de um dia para outro e a hora corrida, que chamaríamos de hora relógio. Para essa hora, tinham as ampulhetas de areia que marcavam um quarto de hora. Quatro viradas de ampulheta davam uma hora corrida. Daí a origem de haver em alguns idiomas, como o alemão, termos diferentes para essas especificidades diferentes de hora. Uhr é a hora do dia: Heute um 9 Uhr habe ich in der Schule Englisch. (Hoje às nove horas tenho aula de inglês). Stunde é uma hora relógio:  Jeden Tag sehe ich zwei Stunden Fern. (Todo dia eu vejo duas horas de televisão.)

7 comentários:

  1. Professor, Muito útil, para mim, saber sobre a marcação das horas na Roma Antiga, porque escrevo um romance que se passa nesse período. De qualquer forma me parece que, para o homem comum, a marcação das horas era mais intuitiva do que exata. O relógio de sol e a ampulheta eram usados pelo homem comum ou apenas pelos militares e nobres?

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  2. Minha cara Lígia Viana, fui professor de latim e grego clássico por mais de quarenta anos e me dediquei também ao estudo dos costumes e da realidade da vida diária dos cidadãos comuns.
    De fato, o cidadão comum pouco sabia de calendários e horários do dia ou da noite. Guiava-se pela natureza, o sol ou a ausência dele, a lua.
    Nas minhas muitas viagens à Itália, de modo especial a Pompeia, que foi coberta pelas lavas do dilúvio. Eles tinham informações públicas pela grafitagem a carvão feita diante da sede dos governos municipais. Havia uma parede branca, onde os avisos eram grafitados a carvão. Pompeia ainda guarda os avisos do dia em que foi destruída. Ali estão marcadas as comemorações especiais do mês.
    Havia também os pregoeiros ou arautos, que avisavam sobre ocorrências súbitas, como o falecimento de pessoa importane da comunidade.
    Bom trabalho na escritura de seu livro.Quando publicar, me avise que eu tenho intesse pela temática.
    Eu publiquei dois romances históricos:
    Sancta Lucrezia dei Cattanei (sobre a controvertida história de Lucrécia Bórgia, filha do papa Alexandre VI); e Dos Segredos de Eva Braun (em memória da esposa de Hitler).
    Obrigado pelo seu comentário.

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  3. Preciosidades. Discorrer sobre personagens da História e bem, é talento que poucos possuem. Professor Brisolara é um deles. Privilégio curtir sua página e ler e possuir suas obras, sua página. O amigo é um dos ícones culturais do RS. Grande abraço

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    1. Obrigado, minha generosa amiga. Deus te abençoe e te guarde. Também me ajude a prosseguir. Estou fazendo força para lançar em janeiro, na feira do livro da FURG, meu novo livro que trata de Valéria Messalina, a princesa romana que foi condenada à morte, a meu ver, injustamente. Abração, querida e sucesso.

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  4. Olá Professor Reverendo - O Senhor podia me ajudar com uma dúvida- que hora era a sexta hora no Sentido Romano ? Grato !!!

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    1. Caro André, desculpe a demora. Não sei se ainda te ajudo. Os romanos começavam o dia ao nascer do sol, ou ao raiar do dia, que são a mesma coisa. Havia, então, doze hora. A sexta hora corresponde ao nosso meio dia. Daí a hora sesta, descanso do pós-almoço.

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  5. muito obrigado por seus comentários oportunos!

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